Fonte: Revista Nova
Sou muito ciumenta. Por mais que me controle, interrogo meu namorado toda vez que ele chega em casa. Quero saber com quem falou, onde esteve em cada minuto. Não gosto de ser assim, sofro por causa disso, mas não sei o que fazer. Quando noto garotas bonitas na rua, imagino se ele se sentiria atraído por alguma delas. Fico louca se o vejo conversando com colegas da faculdade, até das primas desconfio. O pior é que acredito que ele goste de mim. Por que ajo assim? O que faço para mudar esse sentimento?
Toda emoção é boa, e toda emoção pode dar resultados bons ou ruins. Depende de como você a usa. O problema é que, ao que parece, você não controla o ciúme. Vamos investigar?
1. Por que você sente ciúme?
Jamais conheci alguém que não sentisse um pingo de ciúme em um relacionamento a dois. Quando temos um objeto de amor, é natural que não queiramos dividi-lo com mais ninguém. O ciúme é uma emoção absolutamente normal. Há, porém, variações de grau e de intensidade. Como lidar com esse sentimento? Mantendo-o sob controle. O filósofo Platão comparou o ser humano a uma carruagem: os cavalos são os instintos, o cocheiro é a razão e as rédeas, a vontade. Segundo ele, a maturidade depende de quanto o cocheiro manda nos cavalos. Você parece não conseguir domar seus cavalos, isto é, controlar seu sentimento. Felizmente, o ciúme é perfeitamente educável e pode ter suas arestas aparadas — para o bem da relação.
2. Qual o mecanismo dessa emoção?
Vamos trabalhar uma hipótese de como funciona o ciúme patológico. O ser humano vive num eterno conflito entre os impulsos (o que quer fazer) e as normas (o que deve ou pode fazer). Cada caso é um caso, mas na minha opinião existem dois grandes times de desajustados: aqueles que se deixam dominar pelos impulsos, que chamo de cigarra, e os que vivem sempre dentro dos padra.otilde;es, que batizo de formiga. Essa última, muito racional, se une à cigarra, emocional, para viver nela o que reprime em si mesma, e vice-versa. A isso dou o nome de simbiose. A meu ver, você é uma formiga que passou a viver na cola da cigarra (seu namorado). Interroga o rapaz toda vez que ele chega da rua porque enquanto ele passeava por aí carregava uma parte de você. Acontece que viver a vida no outro não é saudável.
3. Por que está tão difícil se controlar?
Quando o desejo não pode ser controlado racionalmente, temos um desajuste emocional chamado compulsão — e é preciso muito mais que força de vontade para vencê-la. Um doente compulsivo precisa ser tratado com medicação e psicoterapia. Caso não tenha exagerado no que me contou, existe uma grande possibilidade de que você sofra de compulsão.
4. Como lidar com a situação?
Ganhando consciência de que precisa controlar seu ciúme e tendo a sua própria vida. Relaxe, formiga. Aprenda a experimentar as emoções em você mesma. Se ocupar sua cabeça fazendo coisas interessantes, não precisará viver a vida no outro. Esse é o segredo, a libertação.
5. Plano de ação
• Se existe uma ou outra situação específica que a incomode muito, converse com seu namorado sobre o assunto e tentem chegar a um acordo. Quem sabe um rápido telefonema dele quando estiverem longe não acalme seu coração pela noite toda?
• Solte um pouco as rédeas e vá atrás das suas vontades. Faça um curso de especialização profissional, aulas de dança do ventre, happy hours com as amigas. Pare de montar guarda e querer respirar pelo seu namorado.
• Como eu disse, força de vontade não é suficiente para vencer uma compulsão. Ao perceber que não tem o controle da situação, procure ajuda profissional. Do mesmo jeito que, se tivesse uma cólica aguda, iria atrás de um gastroenterologista, sem considerar tal providência uma atitude radical.
O ciúme é uma emoção absolutamente normal. Como lidar com esse sentimento? Mantendo-se sob controle.
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