Sou Baranga e dirijo - o pedestre e/ou o bípede

Fonte: Banheiro Feminino, Seção: SOS Baranga

Aprendemos ainda no ensino fundamental que os humanos, nós, somos bípedes, isto é, andamos em duas pernas. No mundo do trânsito, esta realidade é mais abrangente, pois sabemos que há bípedes que andam sobre rodas, os cadeirantes, e ainda bípedes que andam sobre quarto rodas, duas, ou ainda muitas no caso de caminhões que podem tanto ser realmente bípedes como algumas vezes quadrúpedes. Os quadrúpedes, pra quem não estava naquela aula, são os seres que não são os humanos, nós, mas sim aqueles que andam sobre quarto patas, entre eles o famoso cavalo.
Há ainda uma categoria apenas encontrada entre os seres humanos do sexo masculino, o tripé, sim, não há o termo trípedes, eles são os tripés mesmo e caminham sobre três membros. São geralmente muito assediados pelas humanas.

A questão depois desta introdução é que todos somos seres humanos, sobre duas pernas, duas pernas e mais duas rodas, uma perna mais duas rodas, quatro patas sobre o chão ou ainda sobre quatro rodas também.
Uma Baranga aware do que está rolando no mundo a nível de cidadania sabe que a diferença entre um pedestre e uma pessoa dentro de um carro é apenas o instante em que ela entra ou sai do carro, mas que na essência todos são iguais! Esta é uma revelação que faz toda a diferença.
Por exemplo, você está dirigindo, bonita, dentro de seu possante, vidros hermeticamente fechados, numa via cujo cruzamento não apresenta sinal de trânsito. Lá adiante há linhas pintadas no chão, uma ao lado da outra, paralelas, com a mesma distância entre elas. Parada ao lado daquelas linhas está uma velhota, bem velha, querendo atravessar. O trânsito anda pesado. Pare! Aquilo ali é uma faixa de pedestre. A faixa de pedestre é para aquele bípede que caminha sobre as pernas na rua, e não você que, apesar de ser também bípede está sentada e dirigindo seu carro. Sendo assim, a pessoa ali ao lado da faixa tem a preferência. Ela deveria ter o poder de parar o trânsito e atravessar calmamente caminhando sem que aquele ogro da pickup a xingue ou fique buzinando pra coitada correr aos 98 anos de idade. E isso vale também para pessoas jovens, mulheres, homens, brancos, pretos, budistas, evangélicos, todos mesmo.
Se liga amiga, o pedestre que você ameaça na saída do estacionamento hoje, pode ser você batendo pernas na Visconde de Pirajá ou na Oscar Freire amanhã. Tudo na vida é pedestre, por isso, seja chique, seja elegante, seja uma Baranga exemplar e diminua a velocidade de seu automóvel até que ele pare antes da faixa e faça uma pessoa feliz atravessar a rua.
É tão bom quando a gente está em pé na faixa e uma pessoa civilizada para o carro para simplesmente atravessarmos e nos sentirmos respeitadas. Você vai receber um monte de sorrisos e obrigados. Experimenta.